Postado por pr.joelribeiro

16-03-2012 21:23

 

SUA CIDADE PARA CRISTO

 

 

 

Orando pela cidade?
Há um consenso em todos os movimentos que salientam a evangelização urbana, qual seja, a Igreja tem de inundar a cidade de intercessão.

Por que? Não basta evangelizar? E o que isso significa? Para responder tais perguntas é preciso entender a ação de Deus, como o diabo atua em meio a isso e onde a Igreja se encaixa.

A - A forma como Deus mede o tempo e o que isso significa.

Em Gn 15.12-16 Deus, num ambiente de aliança, conta a Abrão a epopéia de seu povo, concluindo que enquanto não se enchesse "a medida da iniqüidade dos amorreus" (v 16), o povo não voltaria para a terra. Aí está, Deus mede o tempo a partir da sua longanimidade (2 Pe 3.9), a partir do tempo que concede para que os povos se arrependam. No caso dos amorreus restava-lhes, ainda, 400 anos; durante este tempo mantinha-se-lhes o direito à terra. Isto parece significar que um povo não é destruído até que se esgote o prazo que a longanimidade de Deus lhe concede. Agora, pode, acaso, este tempo ser alterado?

B- Uma questão sobre a ira de Deus

O apóstolo Paulo revela um dado sobre a ira divina, que lança luz sobre a questão de se o tempo de longanimidade pode ser abreviado. O apóstolo, em Rm 1.18, declara que a ira de Deus se revela "contra toda impiedade e perversão" , ou seja, contra atos que ofendem a pessoa de Deus e adulteram a sua criação. Desse modo compreendemos que tais atos provocam uma reação de Deus que parece não estar contemplada em Gn 15.12. Isso é corroborado por Pv 11.27, que informa que "os anos dos perversos serão abreviados". Portanto, a resposta à questão da possibilidade de o tempo da longanimidade poder ser abreviado é sim. A perversão humana pode abreviar o tempo da longanimidade, uma vez que tal comportamento desperta a ira de Deus, que é "sempre a manifestação de sua justiça" (R.Michaud, Vocabulário Bíblico, J.J. Von Allmen, ASTE). Isso pode afetar tanto uma pessoa quanto uma cidade ou nação (At 5.5; Am 1.3-15; Na 1.1). Quais as implicações disto?


C- A ação do Diabo

O Senhor Jesus disse que "o ladrão vem somente para roubar, matar, e destruir" (Jo. 10.10). Isso, disse ele, em relação aos "falsos mestres" (Charles C. Ryrie, A Bíblia Anotada, Mundo Cristão); entretanto, isso pode ser atribuído a Satanás, na medida em que tais mestres são seus filhos e ministros (Jo. 8.44; 2 Co 11.14,15). Como poderia o inimigo fazer isso na medida em que ele não tem poder para tanto, uma vez que somente Deus pode "fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo" (Mt 10.28)? Seduzindo, enganando! Essa é a artimanha básica do inimigo, que é "pai da mentira" Jo 8.44); ele sai a seduzir (Ap 20.10), pois sabe que Deus "jamais inocenta o culpado" (Na 1.3); ele sabe que quando a corrupção assume determinadas proporções a ira de Deus é deflagrada (Gn 6.11-13). Dessa forma o inimigo, ao seduzir pessoas, cidades e nações, logra matar, roubar e destruir. Haverá uma saída?

D- O homem e a Igreja

Se não houver uma saída teremos de admitir que tanto o homem como Deus estão sob manipulação do diabo. O homem na medida em que não o pode resistir, e Deus na medida em que, por causa de sua justiça, tem sempre de condenar. Será que é assim? Disse o Senhor a Caim: "...eis que o pecado jaz a porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo" (Gn 4.7); e Tiago disse que "cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz." (Tg 1.14). De modo que o homem sempre pode resistir. O homem é sempre responsável. Não fora assim, como poderia haver juizo final? E quanto a Deus? Ainda que Deus reaja frente à perversão, será que é a perversão dos homens que determina a ação de Deus? Em Ez 22 é descrita uma cidade em desgraça, pesa sobre ela um sem número de crimes, que vão dos crimes de sangue a idolatria passando pela corrupção, exploração, adultério, estupro e prostituição; entretanto, ao anunciar o seu juízo Deus apresenta uma razão inesperada: "Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se colocasse na brecha perante mim a favor desta terra, para que eu não a destruísse; mas a ninguém achei. Por isso eu derramei sobre eles a minha indignação, com o fogo do meu furor os consumi; fiz cair-lhes sobre a cabeça o castigo do seu procedimento, diz o Senhor Deus." (vv 30,31) Deus fez "cair-lhes sobre a cabeça o castigo do seu procedimento" porque não encontrou intercessor. Parece que é a ausência de intercessão que precipita o juízo de Deus. Dessa forma a Igreja passa para o centro da situação. A questão está nas mãos da Igreja, não apenas no pecado da cidade. Pois, a intercessão da Igreja pode deter a mão irada de Deus. Que implicações isso tem?

E- Um pouco mais sobre a Igreja

Estaríamos, quando falamos de intercessão, falando apenas de oração? Vejamos dois casos de juízo divino: Primeiro: No dilúvio, o que impediu que a humanidade fosse totalmente destruída? Gn 6.7-9 diz: "Disse o Senhor: Farei desaparecer da face da terra o homem que criei, o homem e o animal, os répteis e as aves dos céus; porque me arrependo de os haver feito. Porém Noé achou graça diante do Senhor. Eis a história de Noé: Noé era homem justo e íntegro entre os seus contemporâneos; Noé andava com Deus."

Segundo: no caso de Sodoma e Gomorra, o que lhes precipitou o juízo? Gn 18.32 diz: "Disse ainda Abraão: Não se ire o Senhor, se lhe falo somente mais esta vez: Se, porventura, houver ali dez (justos)? Respondeu o Senhor: Não a destruirei por amor dos dez." ...porém não havia dez justos. Vê-se, então, que intercessão envolve vida, pois, "quem subirá ao monte do Senhor? Quem há de permanecer no seu santo lugar? O que é limpo de mãos e puro de coração...". Bem...Deus "é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça", "se confessarmos os nossos pecados" (1 Jo 1.9). A Igreja, cuja intercessão é eficaz é aquela que cumpre o seu papel de "sal da terra" (cuja função é interromper a deterioração por meio da vida que leva) e de "luz do Mundo" (cuja função é a de, a partir do exemplo e do discurso, naquele amparado, denunciar o pecado em todas as suas formas). Tem de ser assim, pois, de igreja que está em pecado a única oração que Deus quer ouvir é a de arrependimento (Ap 2.5).

Conclusão

É preciso interceder, pois o problema da cidade é com Deus, cuja longanimidade tem limites, só a Igreja pode impedir que a ira divina caia sobre a cidade. Quando a Igreja intercede comunica a Deus que se importa e está engajada em levar a cidade ao arrependimento. Entretanto, intercessão envolve vida - uma Igreja que não se importa em viver longe dos padrões de Deus, como poderá convencer quem quer que seja de que, de fato, preocupa-se com o destino eterno da cidade? Vale lembrar de que o juízo de Deus manifesta-se de várias maneiras. Por exemplo: Paulo, em Rm 1, nos adverte que o homossexualismo é resultado do juízo de Deus sobre sociedades idólatras - Deus, por causa da idolatria, entrega a sociedade à imundícia, às paixões infames, a uma disposição mental reprovável. Uma doença assim só é curada por intercessão, e intercessão, para ser eficaz, tem de ser expressão de vida. Para ganhar a cidade para Cristo a Igreja tem de estar nos caminhos de Deus.

 

 

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